Transmutação
Isabel Sougarret
Só rasgando
A camisa de força do medo
Pra sentir o cheiro de liberdade
Que sai da fibra do velho tecido
Tecido ao longo
Dos anos longos demais
Mas tem que rasgar fibra por fibra
Deixar quarar
O vento levando
Lágrimas e depois
Posso ver
Neurônios neons
Dançando ao som das ondas
Sobre o mar
Êxtase vivo
Multiplicado
Chama
Que dança alucinada com as ondas
O fogo e a água de mãos dadas
Invadindo a orla em lava que devasta
Tradições ultrapassadas
E passa
Pelas entranhas da fêmea adormecida
Que levanta do berço de conforto
E corre contra o vento que a nina
Rompe em trompetes
Rasga com os dentes
O brim da grande escravidão
Segue em gargalhadas
A desatar
Arames farpados
Com a serenidade
De uma serpente
Que passeia
Entre os espinhos da Jurema
Entre os espinhos
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